O mito da beleza
- débora araújo
- Nov 12, 2019
- 2 min read
Dizer que vivemos em uma sociedade onde prevalece uma visão do patriarcado não é novidade. Mas tenho como objetivo nesse texto refletir e criticar os impactos que isso vem trazendo para nós, mulheres.
As exigências sociais em relação à beleza, culto ao corpo e castidade da mulher, limitam a expansão do pensamento feminista de libertação e busca de direitos, permanecendo com os homens o controle social.
No trabalho, por exemplo, as mulheres são exigidias a cumprir certos padrõess, como uso de maquiagem e salto alto. Sobre castidade, as mulheres falarem sobre sexo é passível de punição social. É feio, é errado. Nós, mulheres, precisamos dar conta de trabalho, casa, filho, casamento, família, estudo, sociabilidade, economia e etc. Somos cobradas para sermos "multi" e estarmos plenas, como super-heroínas. Mas a grande contradição é que super-heroínas não existem de verdade. E lidar com essa frustração de não atingirmos tais expectativas é difícil e gera sofrimento.
"A verdadeira questão não tem a ver com o fato de nós mulheres usarmos maquiagem ou não, ganharmos peso ou não, nos submetermos a cirurgias ou evitarmos, nos trajarmos com esmero ou não, transformamos nosso corpo, nosso rosto e nossas roupas em obras de arte ou ignorarmos totalmente os enfeites. O verdadeiro problema é nossa falta de opção." (WOLF, N., 2002).
Não há problema em querer mudar o corpo, se produzir ou investir na aparência. O grande problema é que, muitas de nós, não fazem isso por opção, mas porque somos EXIGIDAS a isso. É aí que surge as cobranças e as insatifações. Nesse momento, a ansiedade prevalece, e os valores sociais são fortalecidos por essa busca incessante e provoca um conflito sobre o que se quer, pensa e valoriza, em detrimento do que o outro espera de você.
Perceber que isso é uma grande construção social, sustentada por interesses financeiros, políticos e sociais é nosso grande papel. Levar as mulheres a perceber que as grandes indústricas de beleza se sustentam pela insatisfação com o nosso corpo e que os padrões impostos são criados para não serem atingidos, é algo utópico, para continuarmos na busca incessante por eles

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Como profissionais, psicólogos e nutricionistas, temos a missão de quebrar tais paradigmas e lutar pela saúde mental das mulheres que chegam com tanto sofrimento no nosso consultório.
Para aprofundar a leitura sobre o tema, sugiro o livro "O mito da beleza" de Naomi Wolf.
Débora Araújo
Psicóloga
CRP: 11/10961
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